É difícil passar 24 do seu dia falando sobre assunto 'úteis'. Minha cabeça tá cansada então eu prefiro escrever qualquer coisa sobre alguma coisa menos 'útil'. Até que agora nesse exato momento me passou uma coisa pela cabeça como a questão do útil ou inútil é relativa. Por que que a gente considera útil aprender sobre equações mega-ultra difíceis sem gostar e considera inútil falar sobre a vida? Eu imagino que minha mãe seja muito mais importante para mim do que o primeiro ministro inglês mesmo no vestibular não fazendo perguntas sobre o quê minha mãe pensa sobre o aquecimento global. Eu sempre fui o tipo de pessoa que ama estudar, conhecer as coisas, mas eu acho que, pelo menos nessa época de vestibulando, a gente acaba dando valor para todo o mundo afora e se esquecendo daquele eu perdido em algum lugar. Então abarrotamos a cabeça de milhões de informações que precisam de um tempo para fixarem e proporcionarem nossa posição sobre o assunto ou mesmo o nosso real conhecimento. Fala-se tanto sobre leitura crítica do mundo e nos falta tempo. Tempo para ler e surgir um reflexo sobre o que aquilo realmente significa, entende? É preferível gastar tempo com o que deixa a cabeça fluir do que ler uma coisa atrás da outra, um exercício atrás do outro... até depois de nove horas de estudo seu corpo e sua mente estarem exaustos. Eu sei que todo mundo sempre falou isso, mas a gente só entende de verdade quando sente como é. Deixar a cabeça fluir com uma coisa inútil não é ruim, não. Que seja uma revista besta, o Big Brother, poesia ou uma música. Essa coisa de psedo-intelectual de se manter afastado de conversas sobre o tempo, namoro ou televisão é a maior chave para paranóia. Mas, que isso foi um “meta-texto” fooooooooooooi.
Canção da alta noite
“Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.
Andar... - enquanto consente
Deus que a noite seja andada.
Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada."
Cecília Meireles












